domingo, 23 de janeiro de 2011

Tô inteira.

Hoje eu e o Momes estávamos conversando sobre traumatismo craniano (olha só, o teor medicinal da conversa... kkk), porque meu tio faleceu por causa disso (em 1988, acidente de moto), e perguntou se o meu pai sofreu muito. Na verdade eu não sei dizer porque só tinha 3 anos, mas ele me perguntou isso porque meu pai tá sempre de boa, não se abala com nada...a única vez que vi ele realmente nervoso, foi antes da minha cirurgia, quando eles queriam amputar a minha perna e uma parte do quadril. Não tinha contado isso antes porque acho meio pesado... mas agora que toquei no assunto...
Desde que comecei o tratamento, eu sabia que ia ter que fazer 17 ciclos de quimioterapia, faria 4, aí faria cirurgia, radioterapia e voltaria a fazer o que as quimios que faltaram. Eu sabia que iria fazer cirurgia, mas achei que fosse uma coisa bem fácil... até que minha médica um dia veio me falar que a cirurgia realmente ia ser necessária, sem isso eu teria apenas 5% de chance de me curar; mas que talvez eu perdesse o movimento das pernas. Pra mim claro que foi um baita choque...só conseguia pensar eu seria uma arquiteta de merda por não conseguir ir nas obras (porque será que a gente pensa besteira quando a coisa é séria?), chorei muito, fiquei desesperada (eu achava)... mas naquele mesmo dia eu soube realmente o que é ficar desesperada... os médicos vieram e disseram que tinha uma grande chance de eu ficar sem andar, ou que eu podia ter a perna inteira amputada. 
Mobilizei a família toda... foi aí que eu vi meu pai desesperado também, nunca tinha visto ele assim...ele não sabia o que fazer. Tentou me acalmar, e esperou os médicos. Falamos com eles, mas eles nada podiam adiantar, teriam que falar com o chefe da equipe, e aí sim, tomar uma decisão definitiva.
A resposta veio dois dias depois... não ia ser necessário fazer uma cirurgia tão grande, eles iam só tirar o tumor e a única coisa que poderia me acontecer é de eu ficar com alguma sequela motora.
Foi uma sensação de alívio... sinceramente não sei se eu iria aguentar uma situação dessas... já é di´ficil pra mim ficar do jeito que estou, imagina ficar dependente (realmente) das pessoas.
Mas agora estou bem, já superei o que me aconteceu e o que podia ter acontecido (não que não pense nisso de vez em quando), mas agora tá tudo bem, tudo bem meu bem!
Precisava escrever disso, já tava na minha cabeça faz tempo (desde a cirurgia, talvez?!). Mas amanhã quem sabe eu  escreva alguma coisa boa de ler!
Bjoos!

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